terça-feira, 10 de maio de 2011

O nascimento de Portugal

D.Afonso Henriques, como está historicamente comprovado, nasceu com um grave defeito nas pernas, tendo possivelmente sofrido de paralisia infantil nos primeiros anos da sua vida. Quando se teve conhecimento do facto foi um drama na Corte do Conde D.Henrique, em Guimarães. E foi decidido que D.Afonso fosse entregue aos cuidados de D.Egas Moniz, senhor de Ribadouro, passando a viver desde tenra idade em Resende, no Paço de D.Egas.
D.Egas Moniz era um rico-homem, a mais alta qualificação de nobreza e detentor de uma enorme extensão de território junto ao rio Douro. Tinha diversos filhos um dos quais da mesma idade do Infante D.Afonso.
E comungava do ideal do Conde D.Henrique e de muitos outros nobres portucalenses: a idenpendência de Portugal.
A quando da morte do Conde D.Henrique seu filho Afonso tinha apenas três anos de idade. É de admitir por isso que D.Egas Moniz tenha passado a preocupar-se até à obsessão com a saúde do Infante pois ele era o único descendente directo do Conde e o que possibilitaria a realização da independência de Portugal.
A cura das enfermidades de D.Afonso Henriques, verificada inesperadamente, está envolta numa lenda que julgo pouco credível. Segundo Egas Moniz como a saúde do infante não melhorasse recorreu à intervenção divina. Teria solicitado as boas graças da Virgem Maria quando se encontrava no seu Paço de Resende. Consta que a sua fervorosa prece foi prontamente atendida, pois Nossa Senhora, aparecendo-lhe em sonhos, lhe solicitou que procurasse em Cárquere, nos arredores de Resende uma sua imagem enterrada pelo Rei Rodrigo quando os Árabes invadiram a Península Ibérica. Ainda, por indicação da Virgem, D.Egas, depois de recuperada a imagem, tê-la-ia colocado bem como ao pequeno infante sobre um altar improvisado. Então D.Afonso Henriques ficou logo completamente curado. O milagre foi tão completo que o menino, libertado das suas enfermidades cresceu e tornou-se num jovem robusto tendo gozado sempre de boa saúde e usufruído de uma vida muito activa até à data da sua morte aos setenta e quatro anos.
Parece ter sido, durante toda a sua longa existência, um homem forte e resistente, de boa compleição física, muito semelhante ao do seu alferes-mor D.Egas Lourenço, "O Espadeiro", filho de D.Egas Moniz, a quem de resto tratava de irmão.
A dúvida que tem persistido durante séculos é se o Afonso Henriques da nossa história, fundador de Portugal, não terá sido mesmo o irmão do Espadeiro da mesma idade que a do filho do Conde D.Henrique e se o verdadeiro Afonso Henriques por não ter resistido à sua doença não terá morrido jovem tendo sido sepultado no mosteiro de Paço de Sousa, como sendo filho de D.Egas. Neste mosteiro estão sepultados o senhor de Ribadouro, a sua mulher e quase todos os seus filhos.
Se assim aconteceu jazerá em Paço de Sousa o filho do Conde D.Henrique e de D.Teresa enquanto que o filho de D.Egas da mesma idade de Afonso Henriques terá tomado o comando do Condado Portucalense que elevou a reino e se encontra sepultado na igreja de S.Cruz em Coimbra.
Se assim foi, o que se poderá comprovar actualmente com o estudo do ADN dos restos mortais das personalidades em causa, a nossa história foi iniciada com um grande imbróglio. E sendo assim D.Gonçalo Viegas, bisneto de Egas Moniz, que por ser muito esbelto foi chamado de Magro ( dando origem a uma das nossas famílias mais antigas) era sobrinho neto do primeiro Rei de Portugal.
Incentivado pelo meu neto Manuel Gonçalo vou hoje iniciar esta página pessoal.
Nela abordarei momentos da nossa história que me parecem mal explicados ou até possivelmente alterados.
Além de interpretar episódios muito anteriores ao tempo em que vivemos também não deixarei de comentar factos que nos estão relativamente próximos.
Ao referir possíveis enganos e omissões dos nossos antigos cronistas espero poder contribuir de alguma forma para uma reflexão sobre acontecimentos controversos da nossa história.
Esta minha página pessoal terá por tema: "Portugal e o passado"
E o primeiro assunto que tratarei num futuro próximo relacionar-se-á com D.Afonso Henriques e o nascimento de Portugal.