sábado, 19 de novembro de 2011

José Sócrates, o filosófo

É difícil de acreditar que aqueles que governaram Portugal nos últimos anos se não tenham apercebido do caminho para a ruína que corria o país com a orientação que davam aos negócios do Estado.
Viveu-se em Portugal nos últimos quinze anos de um modo intolerável, numa verdadeira loucura:
- o governo a gastar mais do que se produzia;
- algumas Câmaras Municipais apostadas em ver qual delas era capaz de se endividar mais;
- e os portugueses, em geral, a adquirir tudo a crédito.
Um contínuo do Organismo do Estado onde eu trabalhara teve uma contenda com uma jovem engenheira que também estava lá colocada, por causa de um lugar de estacionamento automóvel no parque privativo dos serviços. A engenheira, por ser engenheira, achava que tinha mais direito ao lugar que o contínuo e este, sendo funcionário do mesmo organismo teria considerado que o seu direito ao lugar era o mesmo que o dela.
Palavra puxa palavra os ânimos exaltaram-se e a engenheira deu um empurrão ao contínuo. Este, aguentando-se, ripostou também com um empurrão na engenheira. Ela mais frágil, foi se abaixo das pernas e caiu redonda no chão do parque do estacionamento. Partiu os óculos e sofreu algumas esquimoses na cara e nos braços.
Quando me relataram este caso admirei-me por o contínuo ter automóvel próprio dado o seu baixo ordenado, mas logo me informaram que não tinha um só, mas possuía dois carros.
A mulher que vendia pão fazia a distribuição do mesmo noutro automóvel.
A minha empregada doméstica gaba-se que as suas máquinas de lavar a roupa e a louça são melhores que as minhas e o frigorífico também. Tal como fez o contínuo com os carros, ela adquiriu tudo a crédito.
Nos últimos anos o país estava a tornar-se numa terra de proprietários hipotecados.
Quem queria casar ou mudar de residência comprava casa com uma hipoteca a satisfazer entre vinte a trinta anos. Os bancos faziam uma propaganda aliciante no sentido de facultarem dinheiro com grande facilidade sem procurarem saber se os seus futuros credores assegurariam o reembolso das importâncias postas à sua disposição.
Enquanto isto se passava por todo o lado alguns lúcidos observadores iam avisando repetidamente que os portugueses estavam a seguir um caminho que só poderia desembocar no endividamento e na falência.
Nos últimos anos a evidência deste fim trágico era cada vez maior...
Porém do primeiro ministro de Portugal, engenheiro técnico José Sócrates, não surgiam quaisquer medidas.
Passava os dias a filosofar, afastado da realidade existente. Para ele tudo estava controlado e o caminho a seguir não poderia ser outro senão o de investir, investir mesmo em obras não rentáveis, construindo mais auto-estradas, um novo aeroporto internacional em Lisboa, uma terceira ponte sobre o rio Tejo e a ligação a Espanha e à Europa pelo comboio de alta velocidade.
Enchia o peito de ar e, filosofando, prometia continuar a sua política seguindo em frente, sempre em frente a caminho do precipício. Quanto ao capital necessário para levar a efeito essas referidas grandes obras contava com a contribuição da Europa e com empréstimos de bancos portugueses e estrangeiros.
O enorme défice das contas do estado e o endividamento do país não o assustava. Enchia o peito de ar e filosofava afirmando que essas grandes obras dariam trabalho a muita gente e criariam riqueza, além de aproximar Portugal dos países mais desenvolvidos da Europa e do Mundo.
A sua predisposição para filosofar foi no que deu. Estamos agora a pagar os seus desvarios.
Quanto ao engenheiro técnico Sócrates, ao que julgo saber, deixou Portugal e há quem diga que ele continua a filosofar por terras de França. Que Deus o conserve muito tempo por lá.