sábado, 10 de maio de 2014

Os trágicos amores de D. Pedro por Inês

Inês de Castro, filha do fidalgo galego D. Pedro Fernandes de Castro, foi uma das damas que acompanharam Dona Constança quando esta veio para Portugal para casar com o Infante D. Pedro, filho do nosso Rei D. Afonso IV.
Inês de Castro era detentora de uma grande beleza. Era loira, de pele muito branca e tinha um pescoço que se assemelhava a um "colo de garça".
D. Pedro, depois de casado com D. Constança, apaixonou-se por Inês.
Este Infante, que mais tarde veio a reinar em Portugal como Rei D. Pedro I, tinha um temperamento nervoso e agitado, o que por vezes o levava a ter atitudes exageradas e a decisões imponderadas.
D. Pedro, ainda em vida da Dona Constança, leva Inês para Coimbra e assenta-lhe côrte nos Paços da Rainha Santa Isabel, sua avó. E ali Pedro e Inês vivem em "maridança" e têm filhos.
Nesse Paço também se acolhem parentes e aderentes de Dona Inês de Castro, destacando-se, entre todos, seus irmãos D. Fernando e D. Álvaro. Mas além destes, de acordo com várias fontes, ali também se refugiam diversos fidalgos de Espanha, inimigos de D. Pedro, homónimo do nosso Infante, Rei de Castela e Leão.
Nesses Paços de Coimbra a língua corrente passa a dada altura a ser a castelhana e aí é criado um grupo oposicionista a D. Pedro de Castela liderado pelos irmãos de Dona Inês que tentam também juntar  à sua causa o Infante português.
O referido D. Pedro de Castela e Leão havia-se desquitado da sua esposa a Rainha Dona Branca e havia vivido em comum com a irmã de Dona Inês de nome Dona Joana de Castro, que mais tarde também engeitou.
Vivia na altura com uma amante de nome Dona Maria Padilha.
Por outro lado o referido Rei de Castela e Leão, cognominado "O Cru" afogava em sangue os descontentes do seu Reino.
Os refugiados de Castela tentavam aliciar o nosso Infante D. Pedro, no sentido de que logo que tomasse o Governo de Portugal, movesse uma guerra contra Castela a fim de derrubar o seu legítimo Rei apoderando-se do seu Reino.
E os irmãos de Dona Inês: D. Fernando de Casto e D. Álvaro de Castro eram quem mais se destacava nessa conjura. E foram principalmente esses os motivos que, em 1355, levaram os conselheiros de D. Afonso IV: Pêro Viegas Coelho (sobrinho de D. Gonçalo Viegas Magro), Diogo Lopes Pacheco e Álvaro Gonçalves Pereira a instigar o Rei no sentido de ordenar a execução de Dona Inês de Castro por temerem que a referido trama viesse a trazer diversos malefícios para o País um dos quais poderia vir a ser o afastamento do trono do Infante D. Fernando (filho de D. Pedro e de Dona Constança) sendo considerado herdeiro do trono de Portugal o filho mais velho de D. Pedro e de Dona Inês, que teriam possivelmente casado em Bragança, em segredo em 1363, quando Dona Constança já havia falecido.

O nascimento de Nuno Alvares Pereira

O apelido Pereira é de origem portuguesa e o primeiro a usá-lo foi D. Rui Gonçalves Pereira.
D. Rui Gonçalves Pereira casou duas vezes: a primeira vez com Dona Inês Sanches e a segunda com Dona Sancha Henriques Magro, filha de D. Henrique Fernandes Magro e de Dona Ouroana Reimondes de Portocarreiro. Do segundo casamento nasceram dois filhos: D. Pedro Rodrigues de Portocarreiro e Dona Froile Rodrigues que casou com D. Pedro Fernandes de Portugal.
Desta última família nasceu mais tarde D. Nuno Alvares Pereira condestável de D. João I. Era filho de D. Álvaro Gonçalves Pereira, prior do Crato, que fundou em 1356, na Flôr da Rosa, uma igreja e um mosteiro torreado, onde pretendia vir a ser sepultado ao lado dos restos mortais de seus pais, o arcebispo de Braga D. Gonçalo Pereira e Tareja Pires Vilarinho, a Salamanquina.
D. Frei Álvaro, segundo Oliveira Martins, era um homem poderosíssimo que privara com El Rei D. Afonso IV e com El Rei D. Pedro, tendo sido também uma das figuras eminentes no tempo de D. Fernando. A sua sabedoria na arte de astrologia era grande pondo um minucioso cuidado nas suas demoradas práticas com mestre Tomás, o astrólogo, traçando os vaticínios do tempo.
Oliveira Martins traça-lhe da seguinte forma o seu perfil humano: "Era um grande braço, era um grande cérebro, era um grande coração D. Frei Álvaro, e tudo isto era espontaneamente, à lei da natureza, levado pelos impulsos da vontade, pelos assomos do orgulho fidalgo, pela violência de um temperamento carnal.
Na sua longa vida, apesar dos votos proferidos antes dos dezoito anos, que foi quando o fizeram prior do Hospital,  teve muitos amores e trinta e dois filhos machos e fêmeas. O mais velho chamava-se Pedro, Pedro Alvares (filho de Álvaro) e foi quem lhe sucedeu no priorado; entre os menores estava Nuno Alvares, que nasceu no dia de S. João, em 1360, no Castelo de Sernache de Bonjardim filho de uma aia da Côrte, por nome Iria Gonçalves do Carvalhal.
Quando esta aventura pagâ teve o seu desfecho com o parto de Iria do Carvalhal no mosteiro de Bonjardim o pai D. Frei Álvaro e o astrólogo mestre Tomás apressaram-se a tirar o vaticínio do recém-nascido e o oráculo disse que o novo bastardo seria invencível. Vinha ao mundo como o Precursor; os signos afirmaram que seria um prodígio; o pai exultava e a mãe sorria."